

Não é de hoje que grupos políticos e intelectuais de esquerda tentam ensinar aos evangélicos brasileiros como ser cristãos, mas com toda certeza esses esforços para pautar a cristandade brasileira foram intensificados nos últimos dois anos.
Ultimamente, tem surgido um discurso de que o bolsonarismo corrompeu o evangelho, elaborando uma teologia original ou adotando uma “teologia de domínio”.
No fim das contas, o que vem perturbando a esquerda é o fato de que a igreja tem servido como caixa de ressonância do discurso bolsonarista; a igreja tem feito eco ao discurso público de Bolsonaro.
Os movimentos revolucionários cristãos — que contam com pastores liberais e padres ligados à teologia da libertação — têm tratado esse movimento de identificação da igreja evangélica com o bolsonarismo como escândalo, como corrupção da fé ou mesmo como uma tentativa de reconstruir estruturas do fascismo derrotado no século XX.
Mas será que são minimamente plausíveis quaisquer dessas preocupações?
Bem, precisamos reconhecer que o bolsonarismo, atualmente, não é um movimento dogmático envolvido em densos debates intelectuais a respeito de planos de ação e projetos nacionais. Mas, com toda certeza, é uma reação à tentativa petista de entregar o Brasil ao Foro de SP.
Por mais que não há como classificar o bolsonarismo como um movimento político cristão, doutrinariamente orientado fundamentalmente por princípios de teoria política, é compreensível que cristãos se refugiem e se identifiquem com o discurso de Bolsonaro. Bolsonaro traz para o debate público problemas da população comum; talvez tenha sido a primeira vez que um movimento político discute demandas do cidadão comum desde a redemocratização.
O movimento capitaneado por Bolsonaro não veio para corromper a fé cristã ou mesmo para instrumentalizar igrejas e colocar o movimento político acima da crença religiosa.
O mesmo não pode ser dito dos pastores liberais e padres da teologia da libertação, que colocam suas crenças ideológicas acima da fé, criando uma teologia domada pelo aparato conceitual marxista e pelo conceito civilizacional globalista.
O cristianismo sempre explicou o homem, o mundo e o sentido da vida a partir de Deus. Deus, como criador do homem e causa da existência do cosmos, revela-se ao homem e revela seu papel na criação.
Já no marxismo, o sentido da vida humana é a luta de classes, enquanto na cultura woke (um braço do marxismo) e globalista o sentido é se adequar ao progresso da humanidade em direção à suposta iluminação e à igualdade.
É possível explicar o sentido da vida humana usando fundamentos tão distintos como o marxismo ateu e o cristianismo? É possível conciliar as pretensões cristãs de obediência a Deus com o liberalismo progressista, pronomes neutros e mudança de sexo?
Na verdade, não há qualquer ameaça de fascismo na participação da igreja no debate público nacional; o problema é que os inimigos da fé querem ensinar aos cristãos como viver a fé. Como se pedíssemos uma versão do evangelho segundo Barrabás, disposto a inventar qualquer absurdo, desde que fosse solto e absolvido de sua pena. Não podemos permitir que instrumentalizem o evangelho segundo interesses ideológicos.
Deixe um comentário